Está muito engraçado passear pelas páginas das redes sociais das principais lideranças políticas brasileiras. Aquela galerinha que vive reclamando de carga tributária, começa a afirmar, brutalmente, que Trump está correto em taxar. Não consigo conter o riso com a cara de pau dos reis da incoerência. Em primeiro lugar, preciso lembrar dos tempos da lei seca, onde a produção, venda e distribuição e transporte de bebidas alcoólicas foi proibida em todo país americano. Isso acarretou um aumento e fortalecimento do crime organizado, mercado negro e muito, bota muito nisso, contrabando de bebidas, enriquecendo muita gente. E, como acabou essa farra? Durante a Grande Depressão, precisando arrecadar, deu fim a lei seca. Aproveitando o embalo, os americanos criaram, na época, um baita tarifaço, que desempenhou uma guerra comercial que foi resultar na segunda guerra mundial.
América First, ou traduzindo, América em primeiro lugar pode ser o réquiem da potência imperialista. Basta pesquisar na internet a lei Smoot-Hawley. Deu merda e das grandes e pode ser pior agora. Lá no início do século XX a produção mundial era bastante centralizada, muito diferente dos tempos atuais. Vejam, por exemplo a situação da indústria aérea. Ao taxar o alumínio brasileiro, as empresas americanas vão produzir peças mais caras, o que pode abrir espaço para a concorrência. Atitude nada inteligente pelo visto. Vejam o exemplo do Brasil, que compra peças americanas para sua indústria aérea. O mesmo vale para os demais produtos, pois o Brasil exporta petróleo, minerais e partes de aeronaves, lembra do alumínio taxado? Ele volta em peças que aqui se fabricam partes de aeronaves. Não existia razão para tarifar essa produção brasileira. Eu aposto que isto será facilmente contornado pela diplomacia brasileira. Então, onde está a crise de que tanto se falam os especialistas?
Vou pegar o exemplo do Camboja, país que foi premiado com a maior taxa. 49%. Na verdade verdadeira, como dizia certo personagem de Chico Anisio, o alvo dos EUA, na verdade é a China que está por trás da produção de calçados, produtos têxteis e eletrônicos produzidos pelo Camboja. Sim, o que estamos presenciando é uma declaração de guerra comercial dos EUA contra a China. Isso pode ser observado nas falas do Trump ontem ao anunciar o Dia da Libertação, que pode se transformar em Dia da Recessão. Foi assim quando H. Hoover, assinou a lei Smoot-Hawley. Existiu um declínio dramático do comércio dos EUA com outros países, alguns retaliaram e a piora dos fundamentos da economia americana desembocou na Grande Depressão. Volto a repetir, a Economia nem era tão globalizada como atualmente. Outro fato me leva a crer que vai dar merd…, a mexida no dólar que o Nixon deu no final dos anos 70, uma força enorme a China, quando aumentou os juros em 21% (pega a visão Galípolo), fazendo com que as empresas se picassem pra China, um espaço mais barato e muito mais atraente. Ali se aprofundava a mundialização do Capital. Essa pirotecnia de Trump ainda vai acabar gerando muita confusão na economia ianque, pois pode causar transformações na economia mundial, como novos parceiros se formando. O setor Textil cambojano pode vir colocar produtos no mercado brasileiro, enfim em todos os cenários os EUA perdem. Afinal de contas, Protecionismo nuca deu muito certo.
Em vez de tornar a América grande novamente, Trump e sua turma de malucos, podem estar fortalecendo o surgimento de novas potencias comerciais, fiquemos de olho, por exemplo no Vietnã. Mão de obra barata, parceira com a China e sua produção de chips, podem fazer do Vietnã, novamente algoz dos EUA. E, para terminar de tentar analisar a loucura trumpista, ele está expulsando imigrantes, ou seja, expulsando mão de obra barata, encarecendo o custo de produzir na terra do Tio Sam. O que a gente poderia esperar de um cara que quebrou cassinos? Aquele negocio que tem uma regra básica, a casa sempre ganha, com Trump não ganhou e os EUA vão perder com sua estranha loucura de eleger loucos incompetentes.
Rosevaldo Ferreira é economista, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), foi Diretor de Tributos da Prefeitura de Feira de Santana, Coordenador de Projetos do Sudic, Auditor Fiscal, Coordenador Regional da Agerba e Coordenador do Curso de Economia da UEFS.
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